quarta-feira, 20 de julho de 2011

CRAQUES DA HISTÓRIA

Muitos países têm em seus ídolos a personificação de suas tradições e costumes. Mas nenhuma relação é tão emblemática quanto a de Camarões com o jogador de futebol Roger Milla. O camaronês iniciou sua carreira em seu país e depois se transferiu para a França, onde defendeu a camisa de vários times sem grande expressão. Mas a história provaria que mesmo atuando em equipes sem destaque, Milla seria o protagonista do renascimento do futebol de uma nação – quiçá de um continente inteiro.

Aos 38 anos, jogando no JS Saint-Pierroise, nas ilhas Reunião, Roger Milla recebeu um telefonema que mudaria sua vida. O então presidente de Camarões, amigo de infância e companheiro de jogos descalços nos campos de terra, Paul Biya, entrou em contato com o jogador e solicitou sua presença na seleção do país que disputaria a Copa do Mundo de 1990, na Itália. Estava acertado com o treinador russo, Valeri Nepomnyashchi, que por conta da idade avançada, Milla seria poupado e utilizado apenas nos segundos tempos das partidas. Mal sabia o camaronês que ao aceitar aquele convite estaria colocando seu nome na história do futebol mundial.

Roger MillaRoger Milla já havia disputado o Mundial de 1982 pela seleção de seu país, mas foi em 1990 que o mundo voltou os olhos para seu talento, irreverência e carisma. O jogador era o símbolo da alegria do povo africano e aquela seleção encantou e conquistou a admiração de muitos. Já na partida de estreia, Camarões surpreendeu a todos e venceu a então campeã Argentina, de Diego Maradona e cia. Começava ali uma campanha histórica, encabeçada pela superação e categoria de Roger Milla. Ainda na fase de grupos, Camarões ganhou da Romênia, com dois gols de Milla. Na comemoração dos gols, o camaronês instituiu sua marca registrada: dirigiu-se para a bandeira de escanteio, sambou e rebolou. De acordo com o jogador, a “sambadinha” foi uma forma que encontrou de homenagear o futebol brasileiro e Pelé, que excursionou com o Santos pelo Camarões na década de 1960, fato marcante em sua vida.

Ídolo de seus compatriotas, muito mais do que um goleador, Roger Milla era considerado uma liderança no grupo de jogadores da seleção. Além de seu futebol refinado, sua atitude sempre simples e orgulhosa de ser africano marcou a vida desse camaronês. Quando muitos pensavam que ele pararia de jogar, mais uma vez surpreendeu a todos ao ser chamado para compor o elenco de Camarões na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Naquela altura, o jogador estava sem clube e com 42 anos de idade. A superação do camaronês mais uma vez colocou seu nome em um recorde: ao marcar o gol de honra de sua seleção contra a Rússia (o jogo terminaria 6 x 1), Milla tornou-se o jogador mais velho a fazer gols em Mundiais.

Roger Milla

Roger Milla (Copa do Mundo 1994)

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